Bem-estar Físico

A importância da atividade física na infância

Artigo escrito por Clarissa Almeida – Profissional de Educação Física

Atividade física na infância – Quando decidir se o esporte é Hobbie ou competitivo. E como explicar a importância das tarefas de atividade física e a brincadeira com o corpo.

Desde que nascemos os movimentos já fazem parte da nossa vida. Se observamos um bebê, ele tem essa primeira parte da vida descobrindo seu corpo e o que acontece em volta: colocando a mão na boca, ficando de bruços para sustentar a cabeça, descobrindo seu pé, começando a manusear objetos, conhecendo sons e texturas diferentes.

Através de brincadeiras e atividades, o bebê vai se desenvolvendo para as próximas etapas, como: o rolar, engatinhar e andar.

A atividade física e a brincadeira precisam fazer parte da rotina da criança.

A primeira infância, que é do nascimento até os 6 anos, é o momento que devemos dar o máximo de experiências motora, intelectual e afetiva. É o que chamamos de janela de oportunidade, onde o cérebro humano está mais apto a absorver melhor as informações recebidas. É nessa fase que tem a maior possibilidade de competência humana e quando o cérebro mais se desenvolve em termos estruturais.
A criança é uma fonte de energia, é da natureza dela ser criativa e se movimentar. Por isso, nós adultos, precisamos dar oportunidades para que essas tarefas se realizem, somos nós que devemos incentivar esses bons hábitos.

Como podemos incentivar? Como podemos colocar na nossa rotina? Como explicamos que o nosso corpo precisa ser exercitado?

Começando do início, o brincar é a primeira experiencia que a criança tem com os movimentos, novas habilidades, limites de tempo e espaço, regras e descobrimento do seu corpo. Através do brincar a criança se desenvolve de forma integral.

Precisamos ter esse espaço para as brincadeiras acontecerem. O brincar livre precisa estar incluído na rotina, sei que parece óbvio falar isso, mas em uma geração que temos uma luta incansável com o digital, multitarefas e o uso sem limites das telas, não fica tão óbvio assim. Precisamos estipular o tempo que ela vai brincar sozinha, ou com outras crianças, no play, clube, praças. Isso é responsabilidade de nós adultos, de incentivar, de levar, e mostrar como isso é importante.
E o que tem por trás da brincadeira pode ser muito precioso na hora de educar. Claro que o correr, pular, dançar, montar quebra-cabeça, manusear massinha, desenhar, pintar, são importantes, isso é indiscutível. Mas, além de todos esses benefícios motores e intelectuais que jogos, brincadeiras e atividades físicas proporcionam, conseguimos um plus, que é ensinar valores que podem ser adquiridos desde pequeno, como: regras, a divisão de tarefas, a nuance de perder e ganhar, frustração, e a partir disso podemos ser mais precisos na hora de educar nossos filhos, porque cada criança tem um comportamento particular diante de cada dificuldade, a reação emocional muda de criança para criança.

E seguindo esse mesmo pensamento que precisamos incentivar a criança a brincar, também precisamos ajudar ela a achar uma atividade esportiva que lhe dê prazer, que goste de fazer. Como pai e mãe precisamos apresentar o esporte como uma ferramenta de autocuidado, precisamos ser exemplos no nosso dia a dia, não adianta só acompanhar esporte na TV ou internet, como acontece com a maioria, precisamos fazer o esporte e ou atividade física, precisamos ser exemplos na pratica. E assim a criança vai ver a importância de um desenvolvimento saudável para as próximas etapas da vida.

A atividade esportiva é uma das principais aliadas para prevenir a obesidade infantil, ajudar as crianças a terem uma boa noite de sono, diminuir o risco de lesões precoces, contribuir para o desenvolvimento motor e diminuir o risco de depressão.

No esporte, diferente das brincadeiras, a atividade física é organizada, tem um plano de aula, o direcionamento específico de cada modalidade, trabalha a competição, o compromisso de dia e horário, e tem o professor comandando a turma.

O esporte traz muitos benefícios para a formação de um indivíduo, não só pela parte física, que melhora a coordenação motora, condicionamento físico, ajuda a ter hábitos saudáveis e disposição, mas também a questão social, o espírito de equipe, ajudando a desinibir a criança, o respeito ao próximo, melhorar a autoestima e ajuda a lidar com as frustrações. O esporte consegue ensinar valores que podem contribuir para uma sociedade melhor.

Mas, precisamos conseguir manter a criança no esporte. Um ponto importante é o papel do responsável, para que a criança permaneça na atividade.

Os pais precisam motivar, acolher, incentivar, e não ter uma pressão em cima da criança. Os pais não são técnicos. Essa expectativa em cima dos filhos pode fazer com que desista do esporte. Muitos não gostam de decepcionar os pais, e como hoje lidar com a frustação não é algo tão simples, fica o peso de achar que é um fracasso, e acaba desistindo da modalidade. Falta essa sensibilidade de ser apenas pais, e nada mais. De entender que a criança está em formação, que mesmo ela dando o melhor de si, pode não ser o suficiente para ganhar sempre.

E essa fase da infância é quando elas podem se identificar com alguma modalidade, é quando experimentar um pouco de cada uma faz parte e faz ela ter preferência por algum esporte, e o hobbie pode virar competitivo. Assim, se destacando, e podendo ser um atleta.

Normalmente, parte do professor sinalizar aos pais o interesse da criança em fazer parte da equipe. E depois disso, é importante que a família converse e decidam juntos, pois envolve dedicação de todos. O treinamento tem uma carga horaria elevada, frequência diária e os objetivos são bem definidos. A criança precisa estar comprometida com a modalidade.

A criança que segue esse caminho, que permanece no treinamento, tem o perfil competitivo, responsabilidade com os treinos, gosta de desafios e superar limites. Essas características são importantes para o esporte competitivo. Apesar de todo esforço e dedicação, sabemos que vida de atleta não é fácil, mas enquanto criança elas se divertem também.

Ser atleta tem seu encanto, o trabalho, os treinos, o suor, deixam marcas para vida toda, a resiliência que o atleta tem é de invejar. Mesmo na fase adulta tendo outra carreira, provavelmente vai ser uma pessoa forte, determinada. Os valores que se aprende com o esporte, são muito significativos para a construção do indivíduo.

Façam atividade, pratiquem esporte, sejam exemplos. Acreditem que nós pais temos o poder de criar crianças dedicadas, esforçadas, com valores. Mas infelizmente podemos também fazer o oposto. Tenham um olhar atento, sejam presentes. A herança mais importante que podemos oferecer, são os bons hábitos.